domingo, 28 de dezembro de 2008

A Prostituição (ou O Comércio do Amor Sexual)

A prostituição, como é sabido, é o comércio profissional do amor sexual. Só que aqui não limito apenas em descrever o comércio habitual das profissionais do sexo. Aqui discorro sobre a prostituição escancarada e generalizada, que acontece hoje e é mascarada pelo romantismo hipócrita. Sim, porque, na minha opinião, a prostituição é o domínio que uma mulher pode exercer sobre a economia e a política de um homem que é escravo de seus desejos sexuais. Esse domínio pode ser de forma explicita ou velada. Quando é explícito, existe um acordo que o tempo e a quantia são discutidos claramente entre as partes, onde o lucro fica totalmente com a mulher, se esta é uma profissional autônoma. Mas, na maioria dos casos, é velado, ou seja, a mulher tem tanto poder sobre o homem, que este acaba sendo controlado por toda vida, iludido com o fascínio erótico que a mulher exerce sobre ele, e, desgraçadamente, não consegue perceber que a culpa de sua escravidão está em si mesmo.

Para compreender como a prostituição ganhou força e se tornou habitual no mundo moderninho, precisamos entender primeiro o princípio básico da economia, pois é aqui que tudo começa. Entendemos por economia “o estudo do homem para satisfazer suas necessidades ilimitadas, utilizando-se dos recursos limitados de que dispõe e que escolhe com liberdade”. (Princípios de economia, Edgar Aquino Rocha, p. 21). Mas, como a prostituição segue a lógica capitalista (ou egoísta) a mulher questiona: “por que dar se eu posso vender?” Só é possível vender algo se há escassez (lei da oferta e da procura). Se o ato sexual é vendido, isso significa que existem homens que estão sendo privados de sexo. E toda prostituta, declarada e não-declarada, deseja aumentar seus ganhos, seus lucros. Nesse esforço capitalista, elas tentam dominar o mercado ou serem amas absolutas dos homens que possuam poder (material), afastando a concorrência e mantendo os homens de baixo ou nenhum poder aquisitivo na carência sexual e afetiva. Disso deriva a maioria dos problemas econômico-sexuais do homem contemporâneo, e todos os problemas econômicos, sejam eles quais forem, estão pautados a uma dificuldade central: o da escassez.

Uma breve observação no meio que vivemos mostra-nos que não conseguimos a mulher que desejamos quando estamos loucos para transar; e que apenas aqueles que têm um poder aquisitivo acima da média, desfrutam sexualmente das mulheres mais desejadas na hora que querem.

Daí, três demandas econômicas básicas do amor sexual que o homem privado do sexo tem que enfrentar:

a) nossos desejos e necessidades sexuais são ilimitados;

b) as mulheres mais desejadas, vulgo “gostosas”, que estão ao nosso alcance, são escassas porque se oferecem justamente aos do topo da hierarquia econômica;

c) para possuí-las, procuramos aplicar o mínimo esforço possível para obter as melhores, usando nosso critério de seleção (lei básica da economia).

Dos três problemas fundamentais acima derivam outros importantes que são postulados para qualquer tipo de relacionamento dito amoroso: namoro, noivado, casamento, sexo casual, etc.

Eis os quesitos:

1) Que tipo de mulheres estão disponíveis para o sexo de qualidade, e em que quantidade?

R: Na prostituição explicita, aqueles que pertencem à elite - por possuírem mais recursos financeiros - usufruem sexualmente das mais gostosas. E na prostituição velada, as mulheres se oferecem somente àqueles que possuem mais recursos financeiros, a despeito de toda ladainha romântica.

2) Com que métodos são resolvidos esses problemas, já que se o indivíduo tem pouco ou nehum recurso financeiro é excluído pelas mulheres para a prática sexual?

R: A teoria nehasseniana analisa-os.

3) Todas as mulheres são prostitutas em potencial, ou existem exceções à regra?

R: Embora no plano geral todas as mulheres se ofereçam aos homens de maior poder aquisitivo, a história mostra-nos que mulheres que não sigam esta regra são escassas. Quase inexistentes. Daí duelos, luta de classes, violência, exibicionismo, etc.

Diante de tais circunstâncias o homem privado do sexo feminino, e que se sente constrangido a pagar uma profissional do sexo segue uma das seguintes opções:

a) Se entrega às regras do sistema para manter a estrutura econômica estabelecida (capitalismo), pois os excluídos são rejeitados de modo miserável.

b) Se torna um criminoso, pois ser “fora da lei” também gera dinheiro e status no país do carnaval.

c) Se torna dependente de drogas e entorpecentes, negando-se a fazer parte desta hipocrisia fendida (o que é uma ameaça ao sistema e sua integridade física).

d) Inventa novas tendências, tais como: uma nova religião, uma nova moda, um novo partido político, uma nova ordem econômica, uma nova arte... enfim, um novo grupo onde eles serão os centros e obterão o que sempre desejaram quando excluídos: sexo de qualidade.

Quaisquer das opções acima não é a solução do problema, pois se converterão em novas exclusões reformuladas em cima da mesma base econômica.

Concluo assim, que o estudo da prostituição é importante e necessária a todos (incluindo as mulheres), pois creio que o poder da prostituição está justamente na troca de bens de consumo supérfluos por sexo, onde o capital, a mercadoria, seres inanimados, são considerados vivos – fetichismo. Nessa relação, o valor da troca se torna superior ao valor de uso, e a mulher desvaloriza-se perante o homem e vice-versa. Ou seja, o que nós, homens, temos de bens materiais é considerado superior ao que somos (Ser), pois o que se é privilegiado no capitalismo são as relações entre as coisas, que, inevitavelmente, definem as relações sexuais. A conseqüência dessa relação doentia é que a “humanização” do capital leva a desumanização do homem, e, consequentemente, a prostituta declarada e não declarada se transforma em mercadoria. Por isso é essencial que cada cidadão e cidadã de bem conheça o que acontece pelos bastidores do romantismo, se não quiserem ser ludibriados pelo “canto das sereias”.

5 comentários:

  1. No seu artigo parece-me brilhante a abordagem do assunto, excelente conteudo, fundamentalmente para que mulheres e "homens" reflitam,nunca é tarde para mudar...(vale lembrar que existem exceçoes)

    ResponderExcluir
  2. Meu querido, sou eu de novo
    Hoje parece que tirei o dia para lhe contradizer, mas quero dizer para você que sou uma mulher romântica e seria capaz de viver num nível social abaixo que o meu por amor, por que não? Existem caras duros que fazem muito sucesso com as mulheres, sabia? Eu conheço um assim e abundam mulheres em volta dele, mesmo sendo um duro, pendurado. OU seja, nem toda mulher é interesseira, como você prega. Se você foi trocado por outro que tem mais din dim, sugiro a você que vá a um grupo de terapia de homens traídos, para baterem tambôs e ficarem correndo em círculos em volta de uma fogueira, fazendo barulhos tribais, rs,rs,rs,rs
    Bjs
    Debi

    ResponderExcluir
  3. Srta. Débora,

    Parece que você não entendeu minha reflexão. Minha crítica é direcionada à prostituição; e não às mulheres. No texto não julgo o comportamento da grande maioria das mulheres nos decadentes dias atuais; apenas descrevo como elas se comportam no dia-a-dia. Creio que você seja uma mulher inteligente e também não compactue com a prostituição, que, a meu ver, tem como objetivo a ruína da família e, num futuro muito próximo, será legalizada para gerar lucro ao Estado, como já vem ocorrendo em alguns países. A senhorita gostaria que seu imposto fosse direcionado à aposentadoria de pessoas que apenas tiveram relação sexual e em nada contribuíram para a sociedade? Eu não! Meu texto é apenas uma advertência do perigo de se banalizar o sexo como mera mercadoria.

    Sobre sua colocação de que existem “caras duros que fazem muito sucesso com as mulheres”, não tenho dúvidas. Existe até um artigo científico a respeito:

    http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EMI13522-15246,00-DAVID+SCHMITT+POR+QUE+OS+CAFAJESTES+ATRAEM+AS+MULHERES.html

    No mais, como deixei claro no texto, não são todas as mulheres que são “interesseiras”. Minha reflexão está direcionada à regra comportamental feminina; e não às exceções. Entendeu?

    ResponderExcluir